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Preparativos



Quando recebi a notícia, a primeiro coisa que quis fazer foi te ligar.
Eu pensei em me machucar mais um pouquinho e pedir para ouvir de você, porque talvez meu coração precise de mais esse corte para esvaziar do amor que sente por ti.
Mas eu não liguei. Eu apenas coloquei a musica mais clichê para tocar e chorei.
Chorei por mim, por você, e por tudo que nós não fomos. Chorei porque nessas horas não tem como fingir que não está doendo. Chorei, porque essa foi a única saída que me restou.
Eu também poderia te ligar e fingir que não sabia de nada. Poderia jogar meia dúzia de palavras convincentes e te encontrar a noite.
Você não só iria topar, como iria com o perfume que eu te dei, e o sorriso mais encantador no rosto. Então, eu me faria de mulher bem resolvida e fingiria que nada disso me abala.
Antes de ir embora, no meio de um abraço, em pensamento eu iria implorar a Deus que não permita que a nossa história acabe assim.
Mas nada disso mudaria a situação.
No outro dia eu acordaria com a mesma dor, talvez até um pouquinho pior. 
E do outro lado da cidade, você acordaria com um bom dia que não vem de mim, e seguiria dando continuidade aos preparativos do seu casamento.

Exatidão




Você é o lado errado, da minha exatidão perfeita.
É o meu desejo mais abusado, absurdo e proibido.
É o beijo que encaixa. É o corpo que aquece. É o carinho que basta.
Você é o errado que me encanta. Me chama. Me tem.

Encontro




Vem hoje.
Eu finjo que tive amnésia e não sei nada sobre você.
Esqueço das lágrimas, das mentiras, e até da sua namorada.
A gente se esbarra na esquina da praça, como quem nada quer, e você me abraça. 
Me leva, me pega. Foge comigo, por duas horas.
Então a gente mata a saudade.
Se ama, dá o ultimo beijo pela milésima vez, e seu cheiro fica na minha roupa.
E volta. Volta pra realidade, volta pra cidade, volta pra sã consciência.
E finge novamente, dessa vez, que nada aconteceu.
E a nossa vida segue. E a saudade aumenta. Eu tenho amnésia, e a gente se esbarra.